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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto e biografia:
www.fundacionkonex.org/b2966-daniel-link  

DANIEL LINK
 ( Argentina )

 

 

Nascido em Córdoba em 28 de agosto de 1959,
 Daniel Link é escritor, jornalista (colunista do jornal Perfil,
foi editor da Magazine Literario e do suplemento "Radar", no jornal Página 12), crítico literário,
professor na Universidade de Buenos Aires e diretor do Programa de Estudos Latinoamericanos Contemporâneos e Comparados.

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  - TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

BABEL  Revista de Poesia, Tradução e Crítica.  Ano IV - Número 6 - Janeiro a Dezembro de 2003.  Editor Ademir Demarchi.   Campinas, São Paulo                                Ex. bibl. Antonio Miranda

 

     A  D. M.


He caminado solo por el campo.
He sentido también, un imperioso caballo creciéndome
en el cuerpo.
En el calor se presentía el cauce de los sueños:
una mosca pesada andaba por el tiempo
con la persistencia del desconocimiento.
De pronto la sangre se llevó los restos de la tarde
y el mudo agonizar de un pájaro comiéndose a sus hijos
vino a decirme los secretos del muro viejo,
las ratas de la panadería
y quejumbroso estarse quieto de un carro
cargado de botellas rotas.
Pensaba.
Pero alrededor vi casas pintadas por el viento,
la noche, la agonía del agua, los
insomnios.
Un rumos de sauces hambrientos  me acribilló
los ojos y la espalda.

En mis propios pies  en una tierra que no
me precisaba.
Era un pueblo con los fantasmas desnudos
de otra gente bailando obscenamente en las esquinas.
NI siquiera el agua, contaminada de otras aguas, de otros tiempos,
más míos, menos callados,
inventó un reflejo cualquiera que me devolviera
mi boca o mi tristeza.
Tampoco el tono ocre de los espinillos
me arrancó un otoño perdido en el
callado vientre de las horas.

No supe entender el significado de una casa
herida por la muerte de sus habitantes.
No pude recorrer el contorno de mi propia sombra
con un dedo calladamente sucio de barro:
eran otro sol, otra tierra, otra sombra.
Desbocado en el pozo de mi adolescencia
no encontré — sin embargo — la grieta que me dejara escapar
olores conocidos, el calor de una siesta,
el ruído de un ventilador vagando para siempre en el
silencio.

Anduve solo por el campo.
Por un pueblo infinitamente igual al mío.
Por una calle desesperadamente inhábil
para entender mis fantasmas y representarlos.

Atrás la noche.
Con un gemido de bruja que se come los ojos.
Con un pequeño, dulce, pasajero.


                   [ Traduzido ao português por Susana Scramim ]

 

      A  D. M.

Caminhei sozinho pelo campo.
Senti, também, um imperioso cavalo crescendo
no meu corpo.
No calor se pressenti o sulco dos sonhos:
uma mosca pesada andava pelo tempo
com a persistência do desconhecimento.
De repente o sangue transportou os restos da tarde
e o mudo agonizar de um pássaro comendo a seus próprios filhos
veio a dizer-me os segredos do muro velho,
as ratas da padaria
e o queixoso estará quieto de um carro
carregado de garrafas corrompidas.
Pensava.
Porém, ao redor vi casas pintadas pelo vento,
a notei, a agonia da água, os insones.
Um rumor de salgueiros famintos me perfurou
os olhos e as costas.

Eram meus próprios pés numa terra que não
me precisava.
Era um povo com os fantasmas desnudados
de outra gente dançando obscenamente nas esquinas.
Nem sequer a água, contaminada de outras águas, de outros tempos,
mais meus, menos calados,
inventou um reflexo qualquer que me devolveria
minha boca ou minha tristeza.
Tampouco o tom ocre dos espinhinhos
me arrancou um outono perdido no
calado ventre das horas.

Não soube entender o significado de uma casa
ferida pela morte de seus habitantes.
Não pude recorrer ao contorno de minha própria sombra
com um dedo caladamente sujo de barro:
eram outro sol, outra terra, outra sombra.
Desbragado no poço de minha adolescência
não encontrei — não obstante — a greta que deixara escapar
cheiros conhecidos, o calor de uma sesta,
o ruído de um ventilador vagando para sempre no
silêncio.

Andei só pelo campo.
Por um povo infinitamente igual ao meu.
Por uma rua desesperadamente inábil
para entender meus fantasmas e representá-los.

 

 

História    Historia

Não sou nem tanto    No soy ni tanto
nem tão pouco;    ni tan poco;
não sou tampouco     no soy tampoco
o que creio.    Lo que creo.
Não sou senão um reflexo    No soy sino um reflejo
perpetuado    perpetuado
na memória    en la memoria
de uns poucos    de unos pocos
heróis anônimos    heroes anónimos.

Após a lomba, após o mar    Tras la loma, tras el mar
se encontra o infinito céu    se encuentra el infinito cielo
e no céu a terrível    y en el cielo la terrible
visão    visión
do universo interminável    del universo interminable
e da eternidade, meu medo.    y de la eternidad, mi miedo.

Não tratei de entender    No he tratado de entender
a ninguém    a nadie
porque estive bastante    porque estuve demasiado
ocupado no labro de    ocupado en la labor de
me conhecer.    conocerme.
Não me obriguei a querer    No me obligué a querer
a ninguém    a nadie

porque quis espontaneamente.

   Porque quise espontaneamente.

 

       16.9.76    16.9.76

 


          (Caderno do tempo)    (Cuaderno del tiempo)
A paisagem é outra:    El paisaje es otro:
não é verdade o sol,    no es verdade el sol,
nem o outono reinante     ni el otoño reinante
nas cores    en los colores.
Não é verdade o odor de laranjas    No es verdade el olor da naranjas
que se esparge.   que se esparce.
Não são verdade as ovelhas    No son verdade la ovejas
nem o vento cálido.    ni el viento cálido.
nem o pulover     ni el pulover azul 
nem tua risada    ni tu risa.
Não é verdade o brilho    No es verdad el brilo
de teu pelo, perfeitamente    de tu pelo, perfectamente
calibrado    calibrado
com a mítica cor de teu olhar.    con el mítico color de tu mirada.
Não é certa nossa    No es cierta nuestra
despótica indiferença,   despótica indiferencia,
nossa união intangível    nuestra unión intangible
e absoluta    y absoluta.
Não é certo que a eternidade    No es cierto que la eternidade
nos foi outorgada.    nos fue outorgada.
Não é possível que aceitem o amor    No es posible que acepten el amor
que    que
sinto e que levamos    siento y que llevamos
os tristes covardes uniformizados.    los tristes cobardes uniformizados.
Não, não é certo.    No, no es cierto.
A paisagem é outra:    El paisaje es otro:
vulgar e conhecida.    vulgar y conocido.  

          Por sorte,    Por fortuna,
Eu a esquivo.    Yo lo esquivo.

20.3.77    20.3.77
(Caderno do tempo)   (Cuaderno del tiempo_
Villaguay
 

*

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Página publicada em janeiro de 2023

 

 

 
 
 
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